É um assunto pesado, triste, chato
Não é fácil falar sobre.
Falar de quem tá trancado, guardado, encarcerado.
E quando o trancafiado é mulher, tratar desse assunto é mais complicado
Abordagem, algema, carceragem
"- Cadê meu batom, minha maquiagem?"
"- Aqui não, gatinha. Tú não tá na balada. Isso não é pista.
Aqui não se ganha nada, se conquista."
Parece bate papo de amiga, mas não é.
É a dura realidade da mulher.
Da mulher negra, presidiária
Que numa luta diária tenta sobreviver
Vaidade, unha feita, cabelo bonito.
Isso não é boate.
A realidade, atrás dessa grade, é dolorida, sofrida.
Tá grávida? Hum, que pena.
Isso não vai te ajudar na redução da pena.
Pensa que por isso não vai apanhar? Hahahahahahaha.
Aqui dentro, você é um homem.
Pouco importa se engravida ou menstrua.
Isso você faz na rua.
Aqui tem porrada, covardia e tortura.
Atrás da grade
A gente beira a loucura
Insanidade que invade
A mente surta
A paciência é curta
Não vemos cura
A justiça pouco faz
É difícil saber qual de nós sofre mais
A verdade, que arde
É que aqui as pretas são a maioria
Mas isso tanto faz
É difícil saber qual de nós sofre mais
* Escrevi este texto baseado em algumas histórias reais retratadas no livro acima.

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